domingo, 27 de dezembro de 2009

Capítulo XVI Os videntes



Roberto e seus comandados se preparavam para saírem em busca dos videntes que foram seqüestrados pelos homens vestidos com pele de animais. Segundo o administrador era cinco adivinhos todos esperavam ansiosos para serem levados até o comando central, todavia o ataque inesperado os fez reféns de mentes perturbadas.
Na vila o trabalho era intenso e quase míngüem sabia sobre o desaparecimento de algumas crianças. O Administrador do lugar preferiu deixar as coisas dessa forma, pois por ora não necessitava de distrações durante a reconstrução do povoado da barragem. Mas assim que o trabalho tivesse terminado ele daria a notícia. Tentaria confortar o povo e além do mais tinha a palavra de Roberto e esse prometera fazer o possível a fim resgatar as crianças.
— Só tenho a agradecer a ajuda de vocês, na certa todos nós teríamos morrido hoje. Eu e meu povo seremos eternamente devedores da vossa coragem e habilidade de guerreiros — disse Zeca para Roberto. O administrador estava emocionado e as palavras saíram carregadas de emoção.
— O que me preocupa agora é encontra os videntes com vida e levá-los para o encontro com o comando central. E quem sabe eles não localizam as crianças. — Falou Roberto enquanto passa a mão pelos cabelos negros e curtos.
— Todas as coisas já estão prontas, senhor, mas a munição ta muito escassa e o próximo posto de parada ficam a dois dias de caminhada. — Disse Deda.
—Não me agrada nada seguir os loucos do esgoto nessa situação. E temos que alcançá-los antes que os rastros sejam apagados. —falou Roberto.
—Já podemos partir senhor? — Perguntou Juliana colocando a cabeça entre a porta. Roberto fez um gesto com o polegar para cima e piscou para ela.Zeca deu um forte abraço em Roberto.
O grupo Delta deixou o povoa do com o sol nascendo. A jornada ia ser arriscada e as poucas horas de sono não davam conta do cansaço.
Do alto da muralha Zeca olhava para os homens do círculo e desejou ser um dos membros. Aqueles homens sempre seguiam adiante deixando para trás os pobres mortais como ele com seus problemas administrativos. Então um frio percorreu sua espinha, os soldados caminhavam na direção do perigo, quando todos corriam para fugir eles entravam para lutar, estavam sempre abraçando risco de vida. Não Zeca decididamente não queria ser um deles.Podia admirar a coragem daqueles homens,mas sua vocação graças aos céus não era militar.
Montanha e Deda iam a frente, seguidos por Leandro e Shatan. Na seqüência iam Núbia e Alexia, O japa e Juliana e por último Roberto e Raquel. O mato era baixo e os rastros deixados pelos atacantes ainda eram visíveis, eles seguiram para o leste.
Deda era o rastreador, sempre encontrava pistas onde muitos nunca iriam achar nada, por isso ia à frente. Andaram por uma trilha estreita e os galhos rosavam os copos e vez por outra tinha que ter cuidado a fim de não serem atingidos nos olhos. Subiram uma serra e depois seguiram por uma planície verdejante. O sol já estava alto no céu azul, pássaros cantavam trepados nas árvores em quanto outro bando cortava o espaço dançando por sobre as árvores em vôos ritmados pelo céu.
— Puta merda nós já estamos andando a mais de duas horas e nada dos caras. Na moral acho que se encantaram— disse Leandro.
— Pronto agora deu a porra. Mas me fala uma coisa Leandro se os videntes são mesmo videntes, por que diabos não previram que estavam em perigo? — Indagou Shatan.
— Bem parece que eles precisam de concentração daí acho que não estavam fazendo isso e foram pegos de surpresa.
— Então qual é a graça de se ver o futuro? —perguntou Shatan.
— Pessoal vamos dar uma parada para comer alguma coisa!! — Gritou Roberto. O grupo resolveu descansar em baixo de uma árvore frondosa de grosas raízes. Iury sentou-se ao lado de Raquel e essa pegou o cantil e bebeu um pouco de água. Deda ficou ao deitado com a barriga pra cima e Núbia escorou a cabeça em seu colo. Leandro olhou meio com ciúmes, mas logo mudou o pensamento, pesar do sexo, todos ali eram amigos e muitas vezes o sexo era uma forma de relax. Nada de compromisso. Roberto sentou-se um suando uma pedra como banco.Shatan fumava seu cigarrinho relaxadamente.
— Voltando à pergunta feita por Shatan posso explicar, pois meu pai foi um vidente — disse Juliana.
— Meu pai começou ver as coisas muito cedo ainda criança, ele me falou que no início pensava que sonhava acordado, por que as visões são com sonhos muita coisa acontece até você conseguir se para as mensagens das coisas que vão ocorrer. Contudo, o problema com o futuro é que ele sempre esta em movimento e dependendo das escolhas tudo muda.
—Então não é uma previsão com cem por cento de acerto? —Indagou Alexia.
—Eu diria que não é uma ciência exata. Segundo meu pai há forças invisíveis que auxiliam no caminho das pessoas e forças que fazem o mal. Os videntes são como receptores eles enviam o sinal e mostram as coisas, muitas vezes localizam pessoas e lugares, mas não sabem o que vai o correr exatamente no futuro. Por esse motivo eles se reúnem a fim de formarem uma rede maior e com isso ter mais clareza com as visões do futuro.
Muitas vezes as visões vem rápidas como flahs , mas isso não o corre com todos os videntes somente os mais poderosos os que se concentram mais e conhecem os mistérios da mente. Nos outros é necessário concentração. Por esse motivo acho que os que foram capturados são os menos poderosos — disse Juliana discorrendo sobre sua experiência com essas pessoas místicas. Na verdade Juliana não gostava de falar sobre essas coisas, só contara a história do seu pai com a finalidade de que todos seguissem a busca dos adivinhos, visto que, já existia questionamentos sobre o propósito da missão.
Juliana guardava com sigo um segredo ele era vidente, mas tinha medo, pois quando tentava usar esse dom coisas estranhas se mostravam diante dos seus olhos, coisas más e gente morta lhe atormentava durante semanas. Os videntes podiam ver coisas boas e más, esse era o preço.
Pouco depois o grupo Delta já voltava a marchar, pela mata que agora estava bem mais alta. O chão ali estava úmido e escorregadio. Deda fez um sinal com a mão e foi rastejando até próximo de um grande bloco de cimento. Depois chamou o restante do pessoal e disse:
—Eles entraram aqui isso nos leva até os esgotos
—Merda nós tínhamos que ter impedido essa descida— disse Roberto
—O que tem de mais nós esgotos ? — Indagou Alexia e completou —Claro além de serem nojentos.
—Temos dois problemas primeiro eles ficam perto das grandes aldeias, segundo só os piores loucos do mundo vivem ai— Respondeu Montanha. Roberto sentia o suor frio escorrer por sua testa, voltar aquele lugar sempre lhe roubava a paz. O escuro, fedorento, muitas vezes apertado e cheio de perigo, aquilo trazia péssimas recordações.
Então uma a um eles entraram na abertura e foram tragados pela escuridão.Continua no próximo capítulo...