sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Extinção Prólogo



Prólogo

Não lembro em que ano estamos e isso tão pouco me interesse, o que importa é que nós os humanos precisamos viver mais um dia, a fim garantir a continuidade da nossa raça. Há muito não usamos energia durante a noite, pois isso atrairia os predadores até nosso esconderijo, também não moramos mais nas grandes aldeias, elas agora são territórios proibidos. Vivemos no escuro fugindo e lutando para sobreviver.
Eu faço parte de um pequeno grupo de guerreiros de elite chamado o circulo. Desde os sete anos fomos preparados para lutar, todas as nossas brincadeiras foram elaboradas com a finalidade de competir e enfrentar nossos medos. Aos 14 anos somos enviados para os esgotos e obrigados a passar uma semana lá, os que conseguem voltar ganha o direito de entrar para o circulo. Garanto que não é um lugar para se estar nem por mais de uma hora, quanto mais por sete dias, como sei disso? Já fui mais vezes do que alguém tenha imaginado, mas confesso que não quero mais voltar para aquele lugar maldito, até hoje tenho pesadelos com o por causa das incursões naquele inferno. Acreditem quando falo que mandaram todos os loucos da terra para viver nos esgotos. E sei que ha coisas bem pior por lá, mas como já mencionei anteriormente não gosto de recordar essas oras escuras da minha vida.
Sobre o circulo, ninguém é o brigado a colocar seus filhos no grupo, mas todos sabem, quando os gritos começam somos nós que combatemos o inimigo. Por isso por mais cruel possa parecer treinar crianças e depois colocar os jovens no inferno garante que os que saiam de lá sejam guerreiros prontos para a batalha.
Usamos armas as melhores, todavia não temos fabricas e por isso munição é coisa rara. Então improvisamos, luta com bastões, combate corporal, muita ginástica e estratégia militar, somos maquinas de matar. Mas acreditem se não fosse nossa capacidade de improvisar estaríamos mortos no primeiro combate. Nossos predadores são velozes, fortes e não tem compaixão, e por que deveriam somos comida apenas isso.
Nossa missão começa assim que anoitecer. Vamos à busca do homem do passado, ele é a chave para sairmos das trevas. Assim é o que falam os nossos anciões e médios, pessoas que prevêem o futuro, existe um problema: o futuro ele sempre muda e confesso nunca muda para melhor. Apreendemos que não há situação segura ou lugar sem que um soldado não proteja o outro.
Estou escrevendo para que se um dia alguém sobreviver a essa era de medo, possa contar para os nossos descendentes que alguém lutou por eles.
Assinado: Roberto comandante do grupo Delta membro do circulo.

Capítulo I




O sol vai morrendo no horizonte e com ele uma nova coloração pinta o céu. As cores azuis e amarelo vão se misturando em tons de degrade que se mesclar com o brilho das estrelas. Em meio a esse espetáculo o grupo Delta deixava sua aldeia, nas encostas da montanha e rumam para o norte.
Andando em Dupla eles seguiam por uma trilha em meio à mata, os membros são: Roberto o líder do esquadrão andava ao lado de Raquel, a ruiva. Rubens Montanha o careca de pele negra, formava dupla com Leandro. Núbia a morena de cabelos curtos caminhava ao lado de Juliana, a branquinha de longas madeixas negras, Deda o magrela de bigode e cabelos crespos, vinha atrás como o japa Iury.
Todos vestidos em seus uniformes de batalha que tem diferenças singulares entre eles, mas que servem ao mesmo propósito, ser um escudo para as partes vitais do corpo e ainda guardar suprimentos a fim de garantir a sobrevivência do grupo. Por isso são feitos de kelva reforçadas nos prontos vitais e articulações com liga de carbono. Basicamente as roupas se dividem em botas, luvas, calças, coletes, protetor para joelhos, cotovelos e cervical e quando necessário um capuz e mascara que ficam embutidos.
A vestimenta das mulheres tem alguns diferencias são ajustadas ao corpo como se fosse uma lycra, que cobre as pernas e troco.
Cada traje carrega com sigo uma pequena bateria que é alimentada por duas pequenas baterias que carregam com a luz solar. Essas pilhas são usadas com a finalidade de fornecer calor nos lugares frios e controlar o calor nos lugares muito quentes, ele funciona como um climatizado de roupa e também capta do ar partículas de água que abastece o grupo quando há escassez de água.
As botas são grandes e chegam quase perto dos joelhos, nelas existem correias e bolsos. Onde armas menores podem ser carregada, bem como munições.
A fora isso cada um carrega um mochila contendo material de rapel, remédios e suprimentos. Os armamentos consistem em pistolas calibre 45, um metralhadora, bastões de choque, escopeta, facas, rifle com mira telescópica e uma espada Katana reforçada em sua liga metalica com fibra de carbono.

Depois de caminhar pela mata eles saem em uma clareira, onde há muitos veículos abandonados e entregues à ferrugem, são carros de passeio, caminhões, motos e jeepe. A noite já é soberana e não há lua, apenas o mar de estrelas piscando no firmamento.
Roberto faz um sinal para que o grupo pare e fiquem em posicionamento defensivo. Em seguida Iury rasteja e até se aproximar de Raquel e Roberto. Esses encontravam-se de bruços espiando para o cemitério de carros.
— Estão vendo alguma coisa? — Indagou falando baixo.
— Inda não seu retardado e por isso que precisamos que você vasculhe o lugar com a luneta da tua arma — disse Raquel, Roberto esboçou um sorriso. Logo Iury espiava o lugar com a luneta da arma colocada para visão noturna. Tudo parecia quieto.
Deda e Rubens assumiram a retaguarda Núbia ficou no centro perto de Juliana e Leandro.
— E ai porra visse alguma coisa? — Indagou Raquel, mas o japa nada falou apenas continuava sua observação. Então algo se mexeu atrás da segunda fileira de carros perto de onde o mato era mais alto. Iury ajustou o foco e viu um homem correndo já bastante ferido e em sua perseguição duas bestas saltavam sobre os carros e perseguiam o infeliz.
Quando um das criaturas saltou sobre o humano foi jogada por um tiro certeiro de Iury. O outro predador parou e ficou confuso procurando o que tinha atingido o companheiro de caçada. Então um novo disparo acerto lhe entre os olhos ele caiu morto. Iury varreu a área, mas não havia sinal de mais criaturas.
— E ai cara tem mais algum desgraçado por ia?
— Não lindona
— Vamos pessoal precisamos socorrer o homem ferido — Falou Roberto.
— Boa japa matasse dois deles? — Indagou Deda que já se aproximara, dando um soco no ombro de Iury.
— Espero que não haja mais por ai — disse Juliana
— Se foi só uma caçada acredito que não, mas buscavam outra coisa, com certeza teremos problemas — falou Montanha, limpando o suor da testa com as costas da mão.
O Grupo Delta foi se aproximando com cautela, logo chegou ao local onde um moribundo gemia de dor. O homem devia ter uns quarenta anos, possuía barba grisalha e vestia um macacão verde escuro. Pelo corpo havia marcas de garras e os ferimentos eram bem sérios.
Próximo ao corpo do homem encontrava-se duas bestas, uma mais a frete e outra perto do que um dia fora uma caminhonete. A simples visão daquelas criaturas fazia com que não se deixasse de apontar as armas para elas, mesmo estando mortas. Essas duas tinham aspectos que lembravam um felino, todavia a mistura de metal, pêlo e músculos, deixava claro que não se tratava de uma obra puramente da natureza, mas uma aberração feita com um único propósito, caçar e destruir.
Tudo era a mais perfeita evolução da integração da máquina com um animal. Mas acima de tudo, era assustador e medonho, ver olhos de robôs, grudados na carne de mamíferos. Patas com garras metálicas. Carne e metal se fundindo nos músculos salientes dos predadores. Segundo alguns livros antigos tudo tinha começado com a: nano tecnologia. Mas ninguém sabia ao certo sobre onde e quando essas coisas tinham dominado o mundo e deixando uma espécie soberana agora extinta: a raça humana estava mergulhada nas trevas.
Roberto agachou-se perto do moribundo. O sujeito gemia e sangue lhe encharcavam as roupas rasgadas.
— Podes me ouvir?
—Esse já era só lamento comandante, é melhor deixá-lo ai para morrer em paz — falou Montanha. Roberto fez um gesto com a mão pedindo silêncio e foi colocando a orelha perto da boca do homem. Ele aparentemente fala coisas sem nexo, então abri os olhos repentinamente e disse: — Vocês têm que proteger a vila... — ele parou fez uma careta de dor. — Rápidos guerreiros, no bolso têm um pequeno mapa para a vila, as bestas procuravam isso, quando nossa equipe de reconhecimento foi perseguida... Rápido! Não há tempo, eles precisão saber do ataque... — Essas foram suas últimas palavras.
O comandante pegou o mapa no bolso e por sorte os pingos de sangue não mancharam o mapa.
Roberto levantou-se e se pós a analisar o tal mapa. O colocou sobre um capo enferrujado de um Honda Accord v6 branco. O pedaço de pano onde estava o desenho era um pouco maior que um guardanapo aberto. Logo os outros se juntaram a fim de examinarem a carta geográfica improvisada.
— A vila fica para o noroeste, e ao que tudo indica, teremos que cruzar serras e um rio ou córrego — Disse Núbia.
—Por que temos que ir lá? A meu ver será um desperdício de energia e um risco para a missão — Disse Raquel
—Estou contigo e não abro temos que seguir nosso caminho— Falou Leandro.
— Querem calar a porra da boca e deixar o nosso líder se pronunciar seus caralhos!! —Rosnou montanha. Deda grelou os olhos e Juliana chegou mais perto e serrou os lábios.
— Vamos seguir para a vila, míngüem morreria tentando levar alguma notícia se isso não fosse urgente! — Falou Roberto com determinação na voz. Em seguida ergueu rosto e fitou os olhos dos comandados. Encarar Roberto nunca era uma tarefa fácil, aquele olhar determinado acentuado por uma cicatriz perto do olho esquerdo descendo até a boca, lembrava a quem o seguia que ele era um sobrevivente em um mundo caótico. Um sobrevivente lutando para manter a segurança dos seus comandados, um sobrevivente que desde os tempos da iniciação nos esgotos, fora o único a voltar a fim procurar os que haviam ficado para trás.
— Ok gente. Vamos andando, afinal o caminho vai ser longo — falou Leandro.
Assim que adentraram na mata fechada, seguiram o mapa. Caminharam sem descanso por mais de duas horas, um marcha forçada, mas que todos já haviam se acostumados a ela pelos anos de prática. O terreno era demasiadamente irregular, subidas, descidas, pedaços de galhos caídos e grossas raízes pelo trajeto dificultavam o percurso, caminhar na escuridão sempre se tornava complicado.
Quando a mata fechava o caminho, Roberto ia à frente seguido pelos outros todos em fila indiana. Passaram por uma grande serra que ficava a direita do grupo. A formação rochosa lembrava um castelo feito na areia por mãos não habilidosas. Ali a mata cedera dando lugar a arbustos espalhados por entre árvores de eucalipto. O vento soprava suave chacoalhando as folhas dos grandes arvoredos.
— Maldito mapa, já estaríamos perto do primeiro posto de apoio se não fosse essa porra — resmungava lá atrás Juliana.
—Relaxa gostosura, o chefe sabe o que faz — disse Montanha. Mais a frente iam Deda e Roberto olhos atentos e passadas firmes.
— Capitão, eu posso fazer uma pergunta? — Indagou Deda.
— Positivo soldado.
— Achas mesmo necessário irmos para a tal vila?
— Sabe Deda, existe alguma coisa me incomodando, porque, antes do cara abri os olhos e pedir para eu ir até a tal aldeia, ele sussurrava palavras sem sentido, tipo “perigosas andando na escuridão”, “perigosas”, “matam os monstros”, “perigosas terríveis”. Depois ele regalou os olhos e falou normalmente. Como tivesse saído de um transe.
— Puxa chefe o cara tava piradinho.
— A sanidade é uma porta muito frágil para algumas mentes, mas acho que ele não era louco.
No céu algumas estrelas cadentes riscavam a noite alheias ao novo mundo cheio de medo para os humanos, contudo a vida brotava como nunca antes, depois de muitos séculos de poluição agora a natureza mantinha o equilíbrio, e novas espécies apareciam assim como as velhas ganharam força. O vento gemia baixinho açoitando a copa das árvores.
O grupo voltava a caminhar na formação clássica: em duplas. Fora a luz das estrelas, só existia a pequena claridade dos uniformes que em alguns pontos emitiam uma luz azulada, nos ombros e omoplatas. Isso evitava que na hora de um ataque a noite o eles não atirasse sem querer nos companheiros pelas costas. E também se fosse avistado de longe por predadores poderiam ser confundidos com um deles.
Subiram uma serra e depois desceram até as margens do rio. Pararam com a finalidade de descansar, beber água e comer um pouco.
— Formem um perímetro defensivo. Vamos acampar aqui por três horas e depois seguiremos, não quer entrar na vila com o dia claro, uma vez que pretendo observar o lugar primeiro e para isso não queremos ser vistos.
— Pode deixar chefia — disse Deda e saiu para colocar os detectores de movimento. A disposição dos aparelhos era formando um triangulo de aproximadamente cinco metros de cada ponto. O Japa tirou da mochila a ração que consistiam em proteína pura, glicose e energético feito com guaraná em pó e açaí. Depois pegou um pedaço de carne seca. Tudo vinha em barras dentro de sacos plásticos, menos a carne.
Juliana foi até o rio e mergulhou o cantil dentro da água e reabasteceu. Montanha já se encontrava sentado ao lado de Raquel, Roberto, Leandro, Núbia, Deda e Iury. Logo ju como era mais conhecida ficou ao lado de Roberto. Todos estavam comendo descontraídos. Entretanto as armas encontravam-se no colo bem ao alcance das mãos.
— À noite hoje esta linda — disse Núbia deitando a cabeça no colo de Montanha.
— Se tivesse lua dava para refletir o brilho dela na careca do Montanha — falou Juliana e todos riram.
— Puxa Ju, tu estragaste minha noite romântica. Agora que a mina tava se declarando — falou montanha com sua voz grave.
— Vai sonhando a bestado — respondeu Núbia e todos sorriram.
—Poderia ser a assim para sempre sem gritos ou lutas, meu Deus nasci na época errada — falou Roberto.
— Nossa estamos sensíveis hoje — disse Raquel.
— Chefe em que época você queria ter nascido? — indagou Deda.
— Sei lá um em que ainda mandássemos no planeta.
— É engraçado pensar como seria o mundo antes do castigo, pelos poucos arquivos que temos as pessoas pareciam felizes, andando nas grandes aldeias. — falou o japa.
— Não dar para acreditar que se podia viver em meio aqueles entulhos de concreto e poluição, fico tonta só de pensar — comentou Raquel.
— Às vezes penso que estamos em outro mundo, pois segundo os arquivos existiam estradas onde os veículos trafegavam com as pessoas. Aeronaves enormes que voavam de um país para outro. — Falou Iury.
— Quantos humanos há por ai? — Indagou Núbia.
— Acho que não muitos, pelas nossas viagens só vimos pequenas vilas e na maioria tem sempre os fanáticos religiosos de plantão. — disse Roberto.
— Eles são um pé no saco, aprisionam as pessoas com condenações e fogo eterno, como já se não bastassem as horas de agonia e medo que elas vivem — falou Deda.
— Por isso somos soldados, não precisamos ouvir essas baboseiras, seguimos adiante lutando — falou Montanha.
— Uma vez fui a uma pregação e o cara ficou gritando e girando daí cair na risada e fui colocado pra fora aos empurrões — disse Leandro.
— Deve ter gente boa e séria, só que ainda não achamos — disse Juliana.
A conversa entrou em outro assunto de então foram descansar. Raquel organizou o turno da vigilância, o primeiro turno seria de Iury e Núbia, depois Roberto e Deda e Montanha e Raquel. A outra Dupla dormiria direto, com isso pelo menos dois da equipe estariam mais alerta quando saíssem. O rio produzia um barulho agradável quando as suas águas corriam serpenteando as curvas do caminho. No céu algumas nuvens ralas eram levadas pelo ar. A gora que as grandes metrópoles foram engolidas pelas sombras e o abandono, as estrelas podiam ser vistas com todo seu esplendor.
Montanha olhou para o visor do relógio, ia dar uma hora da manhã. Hora de levantar acampamento. Ele Raquel acordaram o pessoal e em poucos minutos todos estavam caindo nas águas gélidas do rio.
— Isso é que chamo de um banho na madrugada — falou Deda.
—Frio da peste, vou congelar — reclamava Núbia.
— Ei, na moral vou ter um choque térmico — brincou Leandro.
— Querem calar a porra das matracas — Disse Montanha.
Roberto nadava ao lado de Juliana e Iury vinha emparelhando com Raquel. A margem não estava longe. E uma corrente leve forçava os braços e pernas a nadar com mais vigor.
Então quando já estavam com a água na cintura foi um alivio tomar pé. Nesse instante alguma coisa prendeu o pé de Roberto e ele foi puxado violentamente para baixo da água.
—Cacete que porra foi isso? — Indagou Montanha.
— Puta que pariu ninguém atira porra, ninguém atira pode atingir o chefe!! — gritou Leandro.
— Liga a porra do sensor térmico caralho!! — Gritou Raquel para Iury. O sensor térmico era um pequeno aparelho que captava ondas de calor imitidas pelos uniformes. Então rapidamente ele retirou o aparelho e o visor mostrou a forma de um homem lutando contra algo que prendia seu corpo. O japa não pensou duas vezes sacou a pistola e disparou foram cinco tiros.
Enquanto a fumaça sai pelo cano na arma, uma cobra imensa se ergueu tendo Roberto preso em um abraço mortal, todavia ele estava apunhalando o bicho com uma faca. Assim que viu o corpo da maldita cobra, Rubens o, Montanha, disparou e o bicho foi cortado ao meio pela rajada poderosa da metralhadora. Roberto caiu na água.
— Puta merda! — falou Juliana.
— Vamos sair da água pode ter mais dessas cosia ai — disse Deda.
Já fora de perigo Roberto ofegante agradeceu ao Japa e Rubens por salvarem sua vida.
— Meu amigo que agonia da porra, pensei que ia morrer — falou Roberto.
— Você é um sobrevivente chefe, não morre lembra? — falou Deda.
— Belo disparo Montanha, tu e o japa foram foda mesmo — disse Raquel.
— Bem vamos andando já basta uma distração por vez.
— Ok Capitão seguiremos para a vila. — falou Leandro

A vila Capítulo II





Deitados na relva de um morro eles, observam com seus binóculos a vila. O lugar parecia calmo, poucas casas, nada de torres de segurança nem pessoas caminhando. Um casarão maior no centro da vila se destacava das outras moradas, por causa da torre vistosa que fora construída sobre o segundo andar da casa grande. Árvores de folhagens ralas brotavam do solo como mãos esqueléticas que tentavam agarrar o céu. Elas estavam espalhadas pela vila perto das casas.
Apenas duas pontes conduziam para o lugar. Mas o que mais chamou atenção do grupo foi uma estranha pedra brilhosa a qual ficava presa sobre a ponte mais a oeste. Ela fora amarrada com correntes a uma grande árvore de galhos secos.
Mais ao leste a ponte menos imponente, dava as boas vindas aos visitantes. No final da ponte um portão de ferro fora construído em forma de arco e um letreiro tinha sido colocado com a seguinte mensagem: Bem vindos à comunidade o lugar da verdade.
— Capitão! É tudo aberto não há muros — disse Leandro.
— E algumas luzes estão acessas a meu ver isso atrairá os predadores. — falou Juliana.
— Muito estranho... nunca vi uma vila tão desprotegida — falou Montanha.
— É isso que ta me intrigando, a pedra é um chamariz, não faz sentido.
— Já fizemos o levantamento possível e temos duas rotas de fuga — disse Raquel.
— Ótimo. Vamos pessoal e cuidado somos estranhos a recepção pode não ser das melhores.
O grupo se dirigiu para ponte leste. Atravessaram sem nenhum incidente. Embaixo havia uma queda livre de aproximadamente uns cem metros e ao que tudo indicava não existia rio passando por ali.
As ruas eram calçadas e folhas secas se a mutuavam pelo chão. As casas eram todas feitas de madeira. E em algumas poucas os moradores tinha cultivado jardins na frente de suas residências.
A luz de uma casa foi acessa. A porta abriu e de lá, saiu uma velha com vestes negras e um lenço vermelho na cabeça.
— Olá forasteiros! O quê fazem perdidos ai fora em uma noite fria como essa?
— Boa noite senhora somos do esquadrão Delta, membros do círculo...
— Nunca ouvir falar. Mas vamos entrando porque não somos criaturas feitas para a noite, na escuridão só há demônios. Posso fazer uma sopinha quente a fim de aquecer os ossos. Venham jovens.
— Gostaríamos de falar com o chefe da aldeia — disse Roberto
— Eu também gostaria de voar, mas não posso e além do mais seu desejo pode ser atendido amanhã o meu não!
Leandro fez menção de rir, todavia Montanha já estava de olhos nele. E assim eles foram acolhidos pela simpática senhora em sua morada.
Na árvore maior no canto mais escuro, perto da casa grande, dois homens observam a cena. Desceram e foram contar ao chefe da vila. Mais os escolhidos haviam chegado eles seriam muito bem vindos.
No interior da casa da velha sala era ampla e ao lado da porta dando acesso ao primeiro anda havia uma escada. Alguns quadros de moldura negras nas paredes contrastam com a pintura branca do lugar. As pinturas dos quadros eram de rostos fantasmagóricos de pessoas sérias que foram aprisionadas por um pincel de algum artista sem talento. No centro da sala havia um grosso carpete negro. Apenas um sofá velho já com mancha de mofo, uma mesa de madeira escura e cinco cadeiras era a mobilha da sala. Na parede a direita da porta principal, sobre uma cômoda fora colocado um candelabro com algumas velas acessa. Provavelmente fora luz que eles avistaram do lado de fora.
— Podem sentar meus queridos. Vou preparar a sopinha para vocês.
— Não precisa se incomodar senhora — falou Montanha.
— Claro sim! É uma lição que minha falecida mãe sempre me ensinou: nunca deixe pessoas boas desamparadas, isso nunca. — dito isso ela se dirigiu para a conzinha.
—Que fofa, cuidando dos netinhos dela — falou Núbia.
— Chefe o que vamos fazer, tomar uma sopinha? — indagou Deda
— Pode ser mais depois vamos falar com o responsável pela vila, o cara que nos entregou o mapa, tinha urgência que levássemos sua mensagem.
— Bem vou sentar e descansar nesse velho sofá. Minha linda bunda precisa de conforto — Disse Raquel.
—Bota linda nisso!! — Falou o Japa
— Homens sempre pensando primeiro com a cabeça de baixo — comentou Juliana.
— Calma Ju não precisa ficar triste, até porque não sei qual das três têm o bumbum mais belo — falou Montanha.
— Há há ... Que graça — disse Raquel com cara abusada.
Todos se acomodaram menos Roberto que ficou na janela espiando para fora. Raquel encontrava-se instalada no sofá junto com Deda e Juliana, sentados no tapete estavam Leandro, Montanha e Núbia. O japa tinha ido juntar-se a Roberto perto da Janela. Logo o cheiro de sopa de batatas com cenoura e cebola invadiu o ar. Pouco depois a estranha figura gritou que eles já poderiam se servir.
— A velha tem cara de doida, mas que o cheiro ta ótimo isso não podemos negar — disse Deda.
—Vou ser o primeiro a ir, porque, se não montanha não deixa nada pra ninguém — falou Leandro e disparou para a cozinha. E assim todos foram degustar a sopa inclusive Roberto, quem demonstrava maior resistência.
— A senhora não vai tomar um pouco da sua sopa não? — Perguntou Iury. — Estou tomando filho, só que gosto dela na caneca, isso não é café. — Respondeu a velha senhora de vestes negras. O grupo Delta comia com grande satisfação, pois o gosto da comida caseira era sempre bem vindo.
— Puxa esta uma delícia — Disse Juliana.
— Espera tem algo... — falou Roberto antes de desfalecer.
— Velha maldita — Disse Montanha e partiu para cima da idosa, mas antes de alcançar à senhora, caiu no por cima da mesa espalhando pratos e sopa para todos os lados. Todos tinha sido fisgados e a velha ria como uma louca.
Logo a porta foi aberta e muitos homens entraram na casa. Eles avançaram para o grupo Delta que se encontrava indefeso. E os arrastaram para o lugar especial, a final eles eram bem vindos ao lugar da verdade.

Capítulo III




Tudo estava mergulhado no escuro. E os soldados do círculo foram aos poucos tomando consciência do estado que se encontravam. As cabeças doíam e grossas cordas amarravam os braços e pernas deixando os corpos flutuando no vazio. Dentro da escuridão um cheiro de morte chegava até as narinas entorpecidas, pela droga dado pela velha, e trazia os condenados de volta ao mundo dos vivos.
Roberto fora o primeiro a recobrar a consciência e uma raiva infernal tomou conta do seu ser. Não parecia possível, mas ele um veterano de guerra, não pela idade, mas pela experiência, tinha sido enganado por uma idosa com sopa. Jurou para si mesmo que nunca mais seria pego de surpresa. Então quando abriu os olhos gritou:
—Merda!! Cacete vamos tomar a porra de uma sopinha! A merda da avó é tão fofa. Eu devia ter arrancado a cabeça dela quando tive...
— Agente vai dar um jeito chefe somos sobreviventes. Porra minha cabeça vai explodir — falou Deda.
— Pelo menos ainda estamos com os uniformes — falou Juliana
—Todos se encontra aqui nessa merda? — Indagou Roberto.
— Montanha presente senhor!
—Raquel presente senhor!
— Oss — disse o Japa
— Leandro amarrado, mas presente Senhor e sopa tava boa senhor, mas o tempero deu merda senhor.
Roberto deu uma gargalhada, seguido por Montanha.
— Isso não é hora para fazer piadas demente!! — Disse Núbia
— Esperem vem vindo alguém — falou o japa.
Então uma foi ligada. A luz vinha de cima clareando os prisioneiros que agora percebiam onde estavam. Agora eles podiam ver no tamanho da encrenca que tinham se metido. As cordas que os prendiam foram atadas a argolas de aço, nas paredes e no chão. E embaixo deles, por todos os lados muitos corpos mutilados, ossadas e sangue, um verdadeiro caldeirão dos horrores. Acima do grupo uma grade de ferro mostrava de onde vinha claridade.
— Ai meu Deus, que merda é essa? —Gritou Juliana nesse instante um homem de pele escura e cabelos grisalhos, vestido em uma túnica negra usando óculos no rosto gordo e suado; falou através da boca quase em coberta por uma espessa barba negra.
— Olá Jovens! Vejo que caíram na teia da nossa viúva negra.
— Quando sair daqui vou arrancar a sua cabeça e dessa filha da puta!! — Berrou Roberto.
— Acho que não infiel, fosses mandado ao lugar da verdade, mas como muitos tu não podes compreender, porque teus olhos são cegos para os propósitos divinos.
—Agora deu a porra mesmo um fanático religioso — falou Rubens, o Montanha, o homem, contudo não parecia ouvir nada além da sua própria voz de pregador ciente da verdade.
— Quando o mundo recebeu o castigo muitas vidas se perderam. Vidas devassas, de anos de pecado, vidas de prostitutas, ladrões, mentirosos e poluidores. Então o senhor nos colocou de volta para a escuridão? Não meus amigos, ele apenas separou seu rebanho!! E essa comunidade não vive mais presa, porque, o senhor me revelou como espantar as bestas. Não temos muros como os pecadores por quê? É simples somos os escolhidos! Eu sou a voz de Deus para purgar os pecados. — Enquanto falava ele agitava os braços e olhava para o teto, os olhos serrados e expressão forte de fúria em seu rosto.
— Agora vamos fazer uma prece para nossos irmãos que antes de deixar esse mundo nos mandaram esses pecadores a fim de que eles possam ser purificados através da dor então seus espíritos serão libertados.
O grupo Delta fora enviado direto para uma armadilha, o infeliz que tinha, entregue o mapa não estava tentando impedir ataque algum ele procurava mais vítimas para seu pastor louco. Ele fora atacado procurando mais sangue inocente para sua louca busca pela verdade.
Terminada a reza o homem falou: — Tragam a primeira libertadora.
Dois homens fortes de capuz negro traziam uma jovem adolescente com rosto machuca e olhos assustados, vestes rasgadas e cabelos sujos. Ela devia ter uns quinze anos, magra de olhos castanhos claros.
— Venha minha doce criança agora seu sofrimento vai terminar. — Disse homem de preto abraçando a pobre criatura. Então uma faca brilhou em sua mão e ele estripou a menina. Ela olhou com os olhos incrédulos enquanto o frio aço roubava sua vida e profanava sua carne.
— Filho da Puta !! — Gritou Roberto que como os outros estava amarrado olhando para cima.
— Vou arrancar cada membro dele, juro que vou — falou Núbia.
O adolescente caiu com os olhos vidrados e sem vida, olhado direto para Roberto. O sangue escorreu a caio sobre os prisioneiros, nesse instante o pastor falou: — Agora a passagem foi aberta. Ele vem buscá-los. Vão em paz.
As luzes foram diminuídas e apenas o bruxulear iluminava o poço dos horrores. Logo seguiu um rosnado estranho com se alguém estivesse sendo estrangulado um barulho terrível. Algo se aproximava pelos túneis e vinha se dento para saciar sua fome.
Então no túnel da que ficava a direita dos condenados três pares de olhos surgiram. Brilhavam como sua cor vermelho escuro. O vermelho da morte.
— Ativar as lâminas agora !! — Gritou Roberto. Nesse instante o dispositivo que estava embutido em cada mão o qual era ativado com um aperto mais forte colocando o dedo polegar junto do apontador. Liberavam umas garras serrilhadas feitas para cortar e perfura. Um adereço a mais em um mundo onde munição era escassa. As lâminas brotavam acima dos punhos.
Rápidas, elas logo cortaram as cordas. Todavia assim que eles fizeram esse movimento, ficaram de ponta cabeça, pois ainda faltava soltar as pernas. O monstro logo ia saltar do buraco. Não havia tempo para se soltar a luta aconteceria com eles pendurados.
Assim que a besta investiu, rosnou alto e ficou circulando entre o grupo Delta que ainda permanecia de cabeça para baixo, com olhos assustados.
A besta era uma mistura de maquina com animal, todavia essa possuía três cabeças. O corpo era imensos para um felino. As cabeças lembravam uma pantera. No peito da criatura uma chapa de aço brilhava intensamente refletindo a pouca luz que banhava o lugar. A fera atacou suas patas rasgaram o ar e tentaram atingir Deda. Esse por sua vez cruzou as lâminas acima de e cabeça evitando o ataque. Com o impacto seu corpo foi arremessado no ar e ficou badalando como um maldito pendulo.
Raquel foi a primeira e se libertar cortando as cordas que amarravam seus tornozelos. Caiu sobre uma pilha de ossos humanos. Rubens, o montanha, foi o segundo a pousar no solo duro e maus cheiros. O predador atacou pulando e tentando alcançar Roberto que ainda encontrava-se pendurado agora por uma perna. Uma das mandíbulas da fera por pouco não se prendeu ao corpo do capitão. Ele sentiu o bafo pobre exalado pela besta e girou o corpo no último instante.
Deda libertou-se e caiu ao lado de Leandro que já se pusera de pé em meio aos corpos mutilados. O japa também conseguira se libertar desabou sobre os malditos corpos podres. Núbia ainda continuava tentando se soltar. O medo havia se espalhado e a mente parecia não obedecer. O som da luta e a pouca luz reforçava a idéia de que ela ia morrer. Quando seu corpo balançava para um lado e para o outro seus olhos contemplavam a criatura lutando contra seus amigos em meios a ossos, sangue e corpos dilacerados. O bicho era enorme não havia como eles escaparem.
Roberto saltara sobre a criatura no momento que ele ai pulando sobre Deda que tinha caído no chão. Roberto só conseguiu distrair a criatura fazendo a fera saltar para o lado e errando o bote sobre Deda. Montanha atacou a coisa, perfurando uma das pernas traseiras. Leandro correu para cima do monstro e esse deu lhe uma tapa, contudo no instante que a pata da ferra ia acertando Leandro, ele deu um rolamento e o ataque da fera se perdeu no ar. Todavia essa manobra colocou o guerreiro em baixo da besta e assim ele atacou a barriga do monstro nos pontos onde não havia metal.
Juliana tinha se libertado, entretanto não se precipitou para descer ele ficou pendurada procurando uma oportunidade de saltar sobre o dorso da fera e fazer um ataque mortal contra uma das cabeças. Núbia olhou para Ju e compreendeu o que ela ia tentar fazer. Núbia resolveu fazer o mesmo, porque assim a probabilidade de sucesso era maior. A pesar do medo agora Núbia tinha certo controle. O problema era que em momentos de perigo às vezes a mente dava uma parada, mas com o treinamento as coisas logo retornam ao seu estado de alerta onde lutar é mais lógico que desistir. Isso não significava que o mede ia embora.
O predador investia contra Roberto, Deda e o japa eles rolavam evitando seus ataques. Era uma luta desesperada. Então Ju saltou sobre o dorso do animal. O pouso foi suave, todavia se manter sobre uma fera não foi fácil. Mas ela enterrou um par de garras nas costas da besta a fim de firmar sua posição. O sangue negro jorrou da ferida aberta. O bicho pulou e urrou de dor. Nesse momento Juliana conseguiu decepar uma das cabeças que caiu no chão. O sangue fedorento jorrava e a criatura que se debatia de dor. Juliana tentou atingir outra cabeça, mas foi lançada ao solo.
Agora a cena mudara drasticamente o monstro estava cercada pelos soldados. Contudo ainda era poderoso o suficiente para acabar com eles caso alguém cometesse um erro. Núbia saltou sobre ele e rapidamente cravou as garras em uma das cabeças. As lâminas foram enterradas fundas na garganta do bicho, cortando tendões e metal. Contudo a outra cabeça conseguiu morder parte do ombro da mulher. Ele sentiu o impacto e a violência das mandíbulas se fechando sobre seu ombro. A ferra sacudiu a mulher a atirou para o alto. Nesse instante Montanha e Roberto conseguiram fazer um corte profundo nas pernas da fera então ela desabou.
O japa correu para atacar a última cabeça e teve êxito, pois já bastante ferido o bicho não apresentou resistência.
— Cacete! Conseguimos — falou Leandro.
— Círculo!! — Gritou Roberto a plenos pulmões e os outros soldados repetiram:
— Círculo, Círculo!!
Núbia ainda permanecia caída, no canto da parede. Iury correu até lá e logo verificou se ela estava respirando. Logo os outros foram se juntar a ele. Núbia não se mexia. E isso causou muita preocupação no grupo.
— Ela parece que não está respirando — Disse o japa , visivelmente preocupado.
— Não brinca com um negocio desse meu velho, pelo amor de Deus — disse Juliana. Para alívio geral a moça abriu os olhos e voltou a respirar ofegante. Onde a criatura tinha crava as presas só havia pequenas ranhuras no traje. Iury ergueu Núbia e todos se abraçaram formando um círculo.
— Agora precisamos sair daqui e acerta as contas com aqueles escrotos — falou Roberto.
— É isso mesmo vamos pegar nossas armas e detona com os safados. — Disse Montanha.