sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Capítulo III




Tudo estava mergulhado no escuro. E os soldados do círculo foram aos poucos tomando consciência do estado que se encontravam. As cabeças doíam e grossas cordas amarravam os braços e pernas deixando os corpos flutuando no vazio. Dentro da escuridão um cheiro de morte chegava até as narinas entorpecidas, pela droga dado pela velha, e trazia os condenados de volta ao mundo dos vivos.
Roberto fora o primeiro a recobrar a consciência e uma raiva infernal tomou conta do seu ser. Não parecia possível, mas ele um veterano de guerra, não pela idade, mas pela experiência, tinha sido enganado por uma idosa com sopa. Jurou para si mesmo que nunca mais seria pego de surpresa. Então quando abriu os olhos gritou:
—Merda!! Cacete vamos tomar a porra de uma sopinha! A merda da avó é tão fofa. Eu devia ter arrancado a cabeça dela quando tive...
— Agente vai dar um jeito chefe somos sobreviventes. Porra minha cabeça vai explodir — falou Deda.
— Pelo menos ainda estamos com os uniformes — falou Juliana
—Todos se encontra aqui nessa merda? — Indagou Roberto.
— Montanha presente senhor!
—Raquel presente senhor!
— Oss — disse o Japa
— Leandro amarrado, mas presente Senhor e sopa tava boa senhor, mas o tempero deu merda senhor.
Roberto deu uma gargalhada, seguido por Montanha.
— Isso não é hora para fazer piadas demente!! — Disse Núbia
— Esperem vem vindo alguém — falou o japa.
Então uma foi ligada. A luz vinha de cima clareando os prisioneiros que agora percebiam onde estavam. Agora eles podiam ver no tamanho da encrenca que tinham se metido. As cordas que os prendiam foram atadas a argolas de aço, nas paredes e no chão. E embaixo deles, por todos os lados muitos corpos mutilados, ossadas e sangue, um verdadeiro caldeirão dos horrores. Acima do grupo uma grade de ferro mostrava de onde vinha claridade.
— Ai meu Deus, que merda é essa? —Gritou Juliana nesse instante um homem de pele escura e cabelos grisalhos, vestido em uma túnica negra usando óculos no rosto gordo e suado; falou através da boca quase em coberta por uma espessa barba negra.
— Olá Jovens! Vejo que caíram na teia da nossa viúva negra.
— Quando sair daqui vou arrancar a sua cabeça e dessa filha da puta!! — Berrou Roberto.
— Acho que não infiel, fosses mandado ao lugar da verdade, mas como muitos tu não podes compreender, porque teus olhos são cegos para os propósitos divinos.
—Agora deu a porra mesmo um fanático religioso — falou Rubens, o Montanha, o homem, contudo não parecia ouvir nada além da sua própria voz de pregador ciente da verdade.
— Quando o mundo recebeu o castigo muitas vidas se perderam. Vidas devassas, de anos de pecado, vidas de prostitutas, ladrões, mentirosos e poluidores. Então o senhor nos colocou de volta para a escuridão? Não meus amigos, ele apenas separou seu rebanho!! E essa comunidade não vive mais presa, porque, o senhor me revelou como espantar as bestas. Não temos muros como os pecadores por quê? É simples somos os escolhidos! Eu sou a voz de Deus para purgar os pecados. — Enquanto falava ele agitava os braços e olhava para o teto, os olhos serrados e expressão forte de fúria em seu rosto.
— Agora vamos fazer uma prece para nossos irmãos que antes de deixar esse mundo nos mandaram esses pecadores a fim de que eles possam ser purificados através da dor então seus espíritos serão libertados.
O grupo Delta fora enviado direto para uma armadilha, o infeliz que tinha, entregue o mapa não estava tentando impedir ataque algum ele procurava mais vítimas para seu pastor louco. Ele fora atacado procurando mais sangue inocente para sua louca busca pela verdade.
Terminada a reza o homem falou: — Tragam a primeira libertadora.
Dois homens fortes de capuz negro traziam uma jovem adolescente com rosto machuca e olhos assustados, vestes rasgadas e cabelos sujos. Ela devia ter uns quinze anos, magra de olhos castanhos claros.
— Venha minha doce criança agora seu sofrimento vai terminar. — Disse homem de preto abraçando a pobre criatura. Então uma faca brilhou em sua mão e ele estripou a menina. Ela olhou com os olhos incrédulos enquanto o frio aço roubava sua vida e profanava sua carne.
— Filho da Puta !! — Gritou Roberto que como os outros estava amarrado olhando para cima.
— Vou arrancar cada membro dele, juro que vou — falou Núbia.
O adolescente caiu com os olhos vidrados e sem vida, olhado direto para Roberto. O sangue escorreu a caio sobre os prisioneiros, nesse instante o pastor falou: — Agora a passagem foi aberta. Ele vem buscá-los. Vão em paz.
As luzes foram diminuídas e apenas o bruxulear iluminava o poço dos horrores. Logo seguiu um rosnado estranho com se alguém estivesse sendo estrangulado um barulho terrível. Algo se aproximava pelos túneis e vinha se dento para saciar sua fome.
Então no túnel da que ficava a direita dos condenados três pares de olhos surgiram. Brilhavam como sua cor vermelho escuro. O vermelho da morte.
— Ativar as lâminas agora !! — Gritou Roberto. Nesse instante o dispositivo que estava embutido em cada mão o qual era ativado com um aperto mais forte colocando o dedo polegar junto do apontador. Liberavam umas garras serrilhadas feitas para cortar e perfura. Um adereço a mais em um mundo onde munição era escassa. As lâminas brotavam acima dos punhos.
Rápidas, elas logo cortaram as cordas. Todavia assim que eles fizeram esse movimento, ficaram de ponta cabeça, pois ainda faltava soltar as pernas. O monstro logo ia saltar do buraco. Não havia tempo para se soltar a luta aconteceria com eles pendurados.
Assim que a besta investiu, rosnou alto e ficou circulando entre o grupo Delta que ainda permanecia de cabeça para baixo, com olhos assustados.
A besta era uma mistura de maquina com animal, todavia essa possuía três cabeças. O corpo era imensos para um felino. As cabeças lembravam uma pantera. No peito da criatura uma chapa de aço brilhava intensamente refletindo a pouca luz que banhava o lugar. A fera atacou suas patas rasgaram o ar e tentaram atingir Deda. Esse por sua vez cruzou as lâminas acima de e cabeça evitando o ataque. Com o impacto seu corpo foi arremessado no ar e ficou badalando como um maldito pendulo.
Raquel foi a primeira e se libertar cortando as cordas que amarravam seus tornozelos. Caiu sobre uma pilha de ossos humanos. Rubens, o montanha, foi o segundo a pousar no solo duro e maus cheiros. O predador atacou pulando e tentando alcançar Roberto que ainda encontrava-se pendurado agora por uma perna. Uma das mandíbulas da fera por pouco não se prendeu ao corpo do capitão. Ele sentiu o bafo pobre exalado pela besta e girou o corpo no último instante.
Deda libertou-se e caiu ao lado de Leandro que já se pusera de pé em meio aos corpos mutilados. O japa também conseguira se libertar desabou sobre os malditos corpos podres. Núbia ainda continuava tentando se soltar. O medo havia se espalhado e a mente parecia não obedecer. O som da luta e a pouca luz reforçava a idéia de que ela ia morrer. Quando seu corpo balançava para um lado e para o outro seus olhos contemplavam a criatura lutando contra seus amigos em meios a ossos, sangue e corpos dilacerados. O bicho era enorme não havia como eles escaparem.
Roberto saltara sobre a criatura no momento que ele ai pulando sobre Deda que tinha caído no chão. Roberto só conseguiu distrair a criatura fazendo a fera saltar para o lado e errando o bote sobre Deda. Montanha atacou a coisa, perfurando uma das pernas traseiras. Leandro correu para cima do monstro e esse deu lhe uma tapa, contudo no instante que a pata da ferra ia acertando Leandro, ele deu um rolamento e o ataque da fera se perdeu no ar. Todavia essa manobra colocou o guerreiro em baixo da besta e assim ele atacou a barriga do monstro nos pontos onde não havia metal.
Juliana tinha se libertado, entretanto não se precipitou para descer ele ficou pendurada procurando uma oportunidade de saltar sobre o dorso da fera e fazer um ataque mortal contra uma das cabeças. Núbia olhou para Ju e compreendeu o que ela ia tentar fazer. Núbia resolveu fazer o mesmo, porque assim a probabilidade de sucesso era maior. A pesar do medo agora Núbia tinha certo controle. O problema era que em momentos de perigo às vezes a mente dava uma parada, mas com o treinamento as coisas logo retornam ao seu estado de alerta onde lutar é mais lógico que desistir. Isso não significava que o mede ia embora.
O predador investia contra Roberto, Deda e o japa eles rolavam evitando seus ataques. Era uma luta desesperada. Então Ju saltou sobre o dorso do animal. O pouso foi suave, todavia se manter sobre uma fera não foi fácil. Mas ela enterrou um par de garras nas costas da besta a fim de firmar sua posição. O sangue negro jorrou da ferida aberta. O bicho pulou e urrou de dor. Nesse momento Juliana conseguiu decepar uma das cabeças que caiu no chão. O sangue fedorento jorrava e a criatura que se debatia de dor. Juliana tentou atingir outra cabeça, mas foi lançada ao solo.
Agora a cena mudara drasticamente o monstro estava cercada pelos soldados. Contudo ainda era poderoso o suficiente para acabar com eles caso alguém cometesse um erro. Núbia saltou sobre ele e rapidamente cravou as garras em uma das cabeças. As lâminas foram enterradas fundas na garganta do bicho, cortando tendões e metal. Contudo a outra cabeça conseguiu morder parte do ombro da mulher. Ele sentiu o impacto e a violência das mandíbulas se fechando sobre seu ombro. A ferra sacudiu a mulher a atirou para o alto. Nesse instante Montanha e Roberto conseguiram fazer um corte profundo nas pernas da fera então ela desabou.
O japa correu para atacar a última cabeça e teve êxito, pois já bastante ferido o bicho não apresentou resistência.
— Cacete! Conseguimos — falou Leandro.
— Círculo!! — Gritou Roberto a plenos pulmões e os outros soldados repetiram:
— Círculo, Círculo!!
Núbia ainda permanecia caída, no canto da parede. Iury correu até lá e logo verificou se ela estava respirando. Logo os outros foram se juntar a ele. Núbia não se mexia. E isso causou muita preocupação no grupo.
— Ela parece que não está respirando — Disse o japa , visivelmente preocupado.
— Não brinca com um negocio desse meu velho, pelo amor de Deus — disse Juliana. Para alívio geral a moça abriu os olhos e voltou a respirar ofegante. Onde a criatura tinha crava as presas só havia pequenas ranhuras no traje. Iury ergueu Núbia e todos se abraçaram formando um círculo.
— Agora precisamos sair daqui e acerta as contas com aqueles escrotos — falou Roberto.
— É isso mesmo vamos pegar nossas armas e detona com os safados. — Disse Montanha.

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