domingo, 13 de dezembro de 2009

Capítulo XII Noite de Vigília






Roberto e seu grupo foram recebidos na casa do administrador da vila do lago. Uma casa simples, mas confortável, com um primeiro andar e alpendre em volta da casa. A força Delta encontrava-se na varanda do primeiro andar, conversando com o administrador do lugar.
—Agradeço de coração a Deus por ter enviado vocês em tempos tão pavorosos. Ter guerreiro do círculo combatendo ao meu lado é uma honra. — Falou Zeca, uma sujeito gorducho de sorriso fácil, mas jeito sério no tratar com as pessoas.
—Tem alguma idéia por que sofreram esse ataque em plena luz do dia? — Indagou Roberto.
— Não faço a menor idéia, pelo jeito como levaram prisioneiros, mas parecia uma caçada.
— Aparentemente são os loucos que vivem no submundo, os esgotos, mas por que virem tão longe?
— Perguntas e mais perguntas é como uma sombra se movendo sem ser percebida que vai impregnando a mente dos homens bons com charadas sussurradas ao anoitecer. Acredito que a resposta para todas essas perguntas é: indo atrás deles.
—Que porra de idéia e essa voltar aos esgotos? — Indagou Montanha
—Eles podem não ser dos esgotos, já vi relatos de meu povo sobre eles, acho que vivem nas cavernas perto daqui.
— E os videntes que se abrigavam aqui, viemos para encontrá-los?
— Estão em segurança na casa perto da torre sudeste.
—ótimo, agora se nos permiti podemos organizar as defesas, pois há buracos nos muros e as feras podem chegar ao anoitecer. — falou Roberto.
—Claro por que não? Vou levá-los para conversarem com os videntes.
—Não é necessário todos os meus soldados irem, vou com Raquel e o restante vai ajudando na organização das defesas.
Durante o trajeto até os videntes, Roberto e Raquel passaram por um grupo de crianças de caras marotas que correram para abraçar os dois e agradecer por eles terem salvado a vila. Roberto apertava aqueles corpos maginhos e olhava aquelas caras sorridentes e lembrava por que lutava, lutava com o objetivo de proporcionar um futuro decente para essas pessoinhas tão carentes e cheias de sonhos.
A casa onde se encontravam os videntes estava com as portas arrombadas. Dentro os sinais de luta eram visíveis. Cadeiras no chão, mesa quebrada e talheres espalhados. E um soldado ferido gemia no chão.
—Onde eles estão pelos céus? — perguntou Zeca
— Senhor eles foram raptados acredito que o ataque foi só para distrair os guardas. Com isso os miseráveis escalaram o muro e os levaram.
Roberto sentiu o coração gelar. Perder os videntes era um golpe muito duro. Sem eles todos estariam sem direção. O quê fazer? Seguir os homens loucos e deixar as bestas massacrarem as crianças e pessoas da vila? Tentar salvar os videntes? E se eles já estiverem mortos? Duvidas e mais duvidas dançavam por sua mente como fantasmas bailando sob a lua cheia.
A vila do lago esta em polvorosa, pelo ataque sofrido pela manhã quando um grupo de homens vestidos com peles de animais invadiu o lugar e saqueou algumas casas seqüestrado alguns moradores e os videntes. As pessoas não entendiam direito o que havia acontecido e em meio a perplexidade muitos choravam seus mortos.
Como era costume, os corpos foram levados para a terra firme. Lá foram empilhados e cremados. Já não se enterrava os mortos como antes, nada de funerais só as chamas consumindo os corpos.

Envolta da pilha de fogo alguns parentes choravam os velhos companheiros que não mais retornariam para esse mundo. A dor da perca sempre fora um momento muito triste, principalmente para as crianças que nada entendiam.
Roberto não conseguiu ficar organizando as defesas, deixou atarefa com seus subordinados. Sabia que tinha que tomar uma decisão onde os riscos eram enormes. Ficar sem os videntes comprometeria o sucesso da missão. Deixar a vila era entregar àquelas pessoas a morte. Então uma menina magra com o rosto sujo e roupas rasgadas touca lhe o braço. Roberto olhou pra garotinha e ela falou:
— Moço o senhor poderia me dar um abraço? — Os olhos de Roberto transbordaram de lágrimas, ele nunca pretendera ser pai,pois a vida de soldado lhe cobrara esse preço, mas ali diante daquela pessoinha de cabelos cacheados e olhos grandes pedindo um abraço, Roberto sentia-se com dever de pai. Ele agachou-se a abraçou contra o peito, lágrimas rolavam por sua face. A decisão estava tomada, não iria abandonar a pobre criança. O coração é que nos torna humanos a compaixão nos eleva a condição divina. Esses pensamentos entraram em sua mente quanto segurava a menina em seus braços.
A noite ia ser de vigília, por que não muito longe dali um grupo de predadores formado por dois bandos destinos vinham para a vila do lago. Um batedor escondido entre as árvores voltava para dar o aviso o lugar estava comprometido.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Até aqui, para mim foi um dos melhores capítulos, apesar dos outros terem mais ação. Mas porque achei um dos melhores:

    - capítulo curto prende a atenção do leitor ( quem usava isso? O velho machado de assis, Jorge Amado e o consagrado Dan Brawn)
    -Capitulo que termina com algo inusitado( o rapto dos videntes) deixa o leitor querendo ler o próximo capítulo ( quem usa isso bem atualmente é Dan Brawn)

    Uma coisa que uso e que aprendi da editora Sextante é colocar uma parte da Primeira linha do capítulo em Negrito e com um tamanho maior. Acho que chama mais atenção do leitor, principalmente se a frase for de efeito.

    Obs: Parabéns pela mudança da cor.Eu sei que o preto dá um efeito melhor , principalmente nas figuras, mas uma tonalidade mais clara é melhor para ler.

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  3. ops me perdir."A vila do lago esta em polvorosa, as pessoas não entendiam direito o que havia acontecido e muitos choravam seus mortos" faz referencia a mortes antes da Força Delta chegar na vila ou isto acontece em algum capitulo especifico?

    valeu pelo link!

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